Com a autorização da revista internacional de improviso Status, Luana Proença e Davi Salazar traduzem e gravam em português o conteúdo mensal da revista.
SIM, existe uma revista mensal sobre Impro que questiona e valoriza o que fazemos, E seu conteúdo é disponibilizado em português AQUI por escrito, e em áudio em nosso PODCAST no Spotify: Revista Status - PT.
A revista STATUS é publicada mensalmente e virtualmente em espanhol, inglês, italiano e francês. Informações e assinaturas: https://www.statusrevista.com/.
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por Feña Ortalli
Lembro que li uma postagem no blog de Patti Stiles sobre isso há muito tempo. E foi só depois de lê-lo que percebi quantas vezes ouvi pessoas da impro dizendo isso a outras pessoas improvisadoras depois de um espetáculo, ou pior ainda, depois de uma aula. Em primeiro lugar, você não deve roubar. Ponto final. O simples fato de se referir a isso de forma diferente pode ter uma recepção diferente do outro lado. Mas ainda assim… O que você está dizendo? Você vai pegar algo que eu criei depois de muito trabalho duro, experiência e conhecimento e levar isso para sua comunidade sem minha permissão? É isso que você quer dizer? Não, você não vai roubar isso! Mesmo que você mude para "posso levar isso?", é desconfortável. Especialmente logo após um espetáculo ou um workshop. Então, quer saber? Não faça isso também. Em vez disso, tente escrever uma mensagem em que você exponha os motivos pelos quais gostou tanto de algo e, em seguida, pergunte educadamente quais são as condições para realizar aquele espetáculo, conceito, aula ou qualquer outra coisa. Talvez isso inclua levar a pessoa criadora à sua comunidade para que ela possa orientá-la, ensiná-la e treiná-la, porque também há a possibilidade de que talvez, apenas talvez, não seja tão simples quanto você imagina. E lembre-se de que a outra pessoa tem o direito de dizer "não". A Impro não pertence a ninguém. Mas formatos, espetáculos, estruturas, exercícios, conceitos, sim. OBS: Se você for roubar alguma coisa. Só não diga isso em voz alta!
por Feña Ortalli
Ama Ata Aidoo (23 de março de 1942 - 31 de maio de 2023) foi uma autora, poeta, dramaturga, política e acadêmica ganesa, cuja obra, escrita em inglês, enfatizou a posição paradoxal da mulher africana moderna. Aidoo foi criada em uma família real Fante, filha de Maame Abasema e Nana Yaw Fama, líder de Abeadzi Kyiakor. Seu pai, um defensor da educação ocidental, mandou-a para a Wesley Girl's High School em Cape Coast de 1961 a 1964. Em 1964, ela se matriculou na Universidade de Gana, em Legon, onde se formou em inglês (Bacharelado). Durante o período em que esteve lá, montou sua primeira peça, "The Dilemma of a Ghost" (1965), na qual um estudante ganense que volta para casa, traz sua esposa afro-americana para a sua cultura tradicional e sua extensa família que ele, agora, considera restritiva. Depois de se formar, Aidoo conseguiu uma bolsa de estudos em redação criativa na Universidade de Stanford, na Califórnia, antes de voltar para casa em 1969 para trabalhar na Universidade de Gana, no Instituto de Estudos Africanos e na Universidade de Cape Coast. Sua segunda peça, “Anowa” (1970), que é uma adaptação de um conto popular tradicional de Gana, trata das influências ocidentais sobre o papel da mulher e do indivíduo em uma sociedade comunitária. Anowa, a heroína, rejeita todos os pretendentes oferecidos por sua mãe e pai e, em vez disso, se casa por amor. Aidoo rejeitou o argumento de que a educação ocidental emancipa as mulheres africanas. Aidoo foi nomeada Ministra da Educação do Conselho Provisório de Defesa Nacional em 1982, mas pediu demissão após 18 meses, pois percebeu que não conseguiria atingir seu objetivo de tornar a educação em Gana acessível a toda população. Em 1983, mudou-se para o Zimbábue, onde continuou seu trabalho na área de educação como desenvolvedora de currículos educacionais para o Ministério da Educação do Zimbábue. Aidoo recebeu um prêmio da Fulbright Scholarship em 1988, foi escritora residente na Universidade de Richmond, Virgínia, em 1989, e ministrou vários cursos de inglês no Hamilton College, em Clinton, Nova York em meados dos anos 90. Em 1991, ela e a poeta afro-americana Jayne Cortez fundaram e co-presidiram a Organização de Mulheres Escritoras da África (OWWA). Seus títulos posteriores incluem "The Eagle and the Chickens" (1986), "Birds and Other Poems" (1987), o romance "Changes: A Love Story" (1991), "An Angry Letter in January and Other Poems" (1992), "The Girl Who Can and Other Stories" (1997) e "Diplomatic Pounds and Other Stories" (2012). Aidoo escreveu ficção, grande parte da qual lida com a tensão entre as visões de mundo ocidental e africana e a relação entre o indivíduo opressor e o oprimido. As protagonistas também são mulheres que desafiam os papéis femininos estereotipados de sua época. Fontes: https://en.wikipedia.org/wiki/Ama_Ata_Aidoo https://www.britannica.com/biography/Ama-Ata-Aidoo https://www.ghanaweb.com/person/Ama-Ata-Aidoo-127
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por Feña Ortalli
Você diz que a impro permite que você aprenda coisas sobre a vida. Como assim? O que a impro lhe ensinou? Bem, muito. Por exemplo, apoiar a história de outra pessoa é algo muito gratificante. A vida e a improv não fazem sentido se você tentar planejá-la demais. Todas as lições sobre o momento... esteja aqui, esteja com alguém e o resto simplesmente acontecerá. E muitas outras coisas.
Você também mencionou que essa é uma boa maneira de lidar com o mundo. O que o incomoda no momento em relação a isso? Você sabe que em minha família há muitas crianças de diferentes idades. Minha filha vai fazer 17 anos e está muito ligada ao ativismo. É claro que estou preocupado com o futuro de todas essas crianças. Esta geração tem uma herança difícil. A mudança climática, o atrito cada vez mais crescente na sociedade entre pessoas pobres e ricas, entre nacionalismo e globalismo, entre... Mas, na verdade, acho que a quantidade de coisas boas e ruins neste mundo é praticamente a mesma ao longo dos anos da humanidade. Sempre que me sinto como: "Oh, droga, o que diabos vamos fazer a respeito?", então alguém, em algum lugar, está fazendo algo muito legal... Talvez nesse caso eu seja muito ingênuo, mas acho que há esperança.
Você aborda essas preocupações no palco? Se sim, como? Sim, eu falo. Sempre que vejo a oportunidade de criar uma personagem com essas preocupações e inquietações, eu a deixo falar. É claro que, na improv, não se trata de um plano para fazer isso, como: "Hoje vou apresentar meu ponto de vista sobre as eleições alemãs" ou algo assim... É mais como se eu tentasse criar personagens que sejam verdadeiras e autênticas, e é por isso que levo minhas preocupações, minha felicidade e minha raiva para o palco comigo. Quando estou trabalhando em peças escritas ou músicas, ou quando estou criando para a câmera, essas preocupações e minhas mensagens talvez sejam muito mais claras do que na improv. Mas, sim, eu faço isso.
Como podemos criar personagens autênticas na impro? Porque às vezes parece que vemos ou a pessoa improvisadora sem nenhuma máscara ou uma personagem irreal completamente maluca. Pergunta muito interessante. Para mim, não há diferença entre criar uma personagem para improv ou para um filme, peça de rádio ou peça de teatro. Para mim, tudo é atuação. Atuação autêntica significa, para mim, encontrar a parte de sua personalidade que está relacionada à personagem e deixar que essa parte de você a manipule e fale. Acho que, se isso for feito com honestidade, podemos criar personagens autênticas, mesmo que sejam estranhas, lunáticas, loucas ou qualquer outra coisa. Uma das pessoas que foi minha professora de atuação sempre chamava isso de algo como a “base de referência da verdade”. E eu realmente acredito nesse conceito. Especialmente em meu trabalho para teatros e filmes, pude sentir que esse conceito funciona. O que quero dizer é: pessoas que são boas atrizes devem ser boas improvisadoras e vice-versa.
E você também é músico... que influência isso tem em sua maneira de improvisar no teatro? Sim, eu adoro fazer música, mas talvez eu não seja realmente um músico... Não sei. Estudei em uma faculdade de música e teatro e todas as pessoas que estudavam lá estavam se encontrando e iniciando projetos, então comecei a tocar em bandas e assim por diante... Na improv e no palco, às vezes sinto essa parte musical de uma cena e gosto muito disso. Talvez você também saiba disso, porque gosta de tocar bateria, mas às vezes você sente o ritmo específico de uma cena e então consegue lidar com ele. Acho que, às vezes, vejo uma cena inteira como uma paisagem rítmica e tento seguir esse som... todas as coisas que foram ditas ou todos os movimentos, até mesmo a quantidade de informações na cena têm, de alguma forma, um aspecto musical... isso faz sentido? Não sei... Às vezes, quando estou dirigindo uma peça escrita, canto a cena para o elenco apenas para dar a ele uma ideia da vibração, da atmosfera ou do tom de um momento. Isso geralmente funciona.
Você tem algum novo projeto em andamento?
Sim, eu tenho. A segunda caminhada de pesquisa e algumas apresentações do espetáculo “Loophole” com Inbal Lori acontecerão em duas semanas. Depois disso, começarei meu contrato de inverno em um teatro de variedades. Para o “Impronale”, estarei trabalhando em um formato de improv abstrata em novembro. Até o final do ano, filmarei mais duas séries de TV e, no próximo ano, farei uma produção teatral em Augsburg. Em meio a tudo isso, tentarei lançar outro álbum como Sidique, chamado "The Ancestors Diaries Vol. II", que é algo como poemas falados com batidas jazzísticas... então acho que não vou ficar entediado.
Agora, a última e clássica pergunta: Quem você acha que deveríamos entrevistar? Primeira sugestão: minha irmã Inbal Lori, depois Andrew Hefler... Mas você já tem o contato dessas pessoas. E quanto a Markus Wisth Edvardsen, o músico de Trondheim? Eu o encontrei novamente em Karlsruhe e ele é um cara muito legal, humilde e criativo.
por Laura Doorneweerd-Perry
Eu acredito que podemos ter mais tipos diferentes de docentes de improv. Para lhes incentivar a começar, ou para melhorar seu ensino, todos os meses compartilharei uma dica e um exercício. Deixe-me preparar o cenário: Estou em uma sala de workshop da companhia que me contratou, analisando casualmente meu planejamento acerca do workshop. Então a porta se abre e a maioria das pessoas participantes entra. Elas são barulhentas, fazem piadas sobre como eu pronuncio um de seus nomes e rapidamente ocupam muito espaço. O workshop ainda nem começou e eu já tenho muito trabalho pela frente. É nesses momentos que tento me lembrar: eu sou uma improvisadora. Posso trazer um tipo de personagem que se encaixaria nessa cena. Então, trago uma versão barulhenta, direta e brincalhona de mim mesma, que ocupa espaço e estabelece uma expectativa positiva, mas clara, sobre quem está no comando (eu). Essa versão de mim não parece falsa: parece ser o que essa situação precisa. E quero lhe incentivar, em seu próximo momento de ensino desafiador, a considerar fazer o mesmo. Você pode tentar ver isso como um "sim, e" à situação em questão. Você se depara com um grupo mais quieto? Talvez tente falar menos, inclinar-se para trás e praticar uma atitude aberta, paciente e curiosa. Mesmo que isso signifique que você não consiga cobrir todo o planejamento do seu workshop. Este workshop está repleto de pessoas que querem falar muito? Permita que elas reflitam em pequenos grupos após cada exercício em vez de fazer uma reflexão com o grupo todo de uma vez. Mesmo que isso signifique que você tenha menos controle sobre as conclusões. Nem todas as situações se prestam a essa dica, mas é uma habilidade muito boa de se praticar. Você, como docente, pode aceitar o que está acontecendo no momento e encontrar uma versão de si mesma que se encaixe? Experimente o “Sim, e” naquele grupo desafiador.
por Tara Judah e Chris Mead
seção coordenada por Luana Proença (luanamproenca@gmail.com)
Algumas das práticas pedagógicas comuns na América Latina que sempre me inspiraram em Teatro são as chamadas Desmontagens Cênicas ou os estudos da Genética Teatral. Uma abertura dos processos de criações onde eles são “desfeitos” parte a parte para que possamos ver como se deu a junção daquela obra. Assim, todos os meses eu vou dar espaço para grupos e artistas abrirem suas criações para uma partilha inspiradora. Se você quiser partilhar sobre o seu processo, entre em contato comigo, Luana Proença. Bem, tenha cuidado com o que você pede. Sempre que alguém escreve para esta seção, eu dou algumas orientações com alguns dos pontos que devem constar no artigo para que ele se encaixe na seção e algumas orientações de formatação. Uma das coisas que peço é: "A redação do texto é livre, no formato e na ordem que melhor lhe convier. A diversidade de formas e pensamentos é mais do que bem-vinda". E quando pedi isso sobre o projeto (um projeto, não um espetáculo...ah, vejam só!) “Improv Cinema Club”, Chris Mead e Tara Judah escreveram a genética dele como um roteiro de filme! Que incrível! (tivemos que mudar parte da formatação para caber na revista, mas chegamos a um meio-termo). Então, traga a pipoca e... ação!
Improv Cinema Club (Est. 2022)
Escrito, produzido e estrelado por
Tara Judah
&
Chris Mead
como
ELA MESMA E ELE MESMO
Direitos Autorais (c) 2023
INT. LANCHONETE À BEIRA DA ESTRADA - NOITE
Duas pessoas improvisadoras estão sentadas uma em frente à outra em uma mesa.
TARA JUDAH é crítica de cinema e atriz. Ela tem um cabelo incrível e óculos de grau.
CHRIS MEAD é um nerd da improv e tem essa aparência. Sua barba está ficando branca bem no queixo e nenhuma de suas roupas lhe cai bem.
CHRIS: Então, como chegamos aqui?
TARA: Você sabe como chegamos aqui.
CHRIS: Refresque minha memória.
TARA: Foi depois do vírus.
CHRIS: Sim, eu me lembro agora. Todas as pessoas ficaram presas em suas casas. Parecia algo saído de um filme. Estávamos conversando umas com as outras pelas telas dos nossos computadores.
TARA: Sim. Mas, de uma forma engraçada, isso nos libertou. De repente, podíamos improvisar com qualquer pessoa.
CHRIS: E foi assim que nos conhecemos. Não na vida real, mas nos espaços entre ela. Aulas no Zoom. Publicações em mídias sociais. E depois que tudo acabou...
TARA: Não queríamos abandonar tudo isso. Percebemos o valor de manter a improv on-line.
CHRIS: É isso mesmo. Sabíamos que havia pessoas que realmente precisavam disso. Talvez elas não tivessem uma comunidade de improv por perto.
TARA: Ou elas tinham problemas de acessibilidade ou crianças pequenas que não podiam deixar sozinhas.
CHRIS: Depois, foi só uma questão de encontrar um formato que funcionasse. Algo que prosperasse on-line, que fosse mais do que apenas uma versão comprometida do que faríamos em um ambiente de improv off-line.
TARA: E foi aí que você sugeriu o cinema.
De repente, ouvem-se sirenes ao fundo. A janela atrás da mesa se ilumina em azul e vermelho.
TARA (cont.): Vamos continuar essa conversa no carro.
INT. MINI COOPER - NOITE
TARA está ao volante, dirigindo rapidamente. A chuva está batendo no para-brisa. CHRIS olha nervosamente por cima do ombro para a dúzia de carros de polícia que perseguem o carro.
CHRIS: Ouvi dizer que você era uma especialista.
TARA: Sim, trabalhei como crítica e editora de cinema na Austrália e no Reino Unido, na internet, em mídia impressa, rádio e televisão. No momento, estou editando relatórios de festivais de cinema para a Senses of Cinema e resenhas de críticas para a MUBI.
CHRIS: E eu gerenciei um cinema logo que saí da universidade. Às vezes, eu dormia em meu escritório. Eu corria de tela em tela à noite, verificando se as impressões em celuloide estavam danificadas antes de podermos exibi-las ao público. Foi uma das épocas mais felizes da minha vida.
TARA: Espera um pouco.
TARA manobra o carro em um curva fechada estilo cavalo-de-pau, fazendo com que desçam um lance de escadas de pedra, espalhando pedestres que correm em todas as direções.
CHRIS:Ahhhhh--
TARA: Você está bem?
CHRIS: Sim. Não. Eu não sei.
TARA: Fale-me sobre o "Improv Film Club". Isso vai tirar sua mente de todo o tiroteio.
CHRIS: Está havendo um tiroteio?
A janela traseira explode em uma chuva de balas.
CHRIS (cont.): (falando muito rápido) Certo, então a ideia era que fosse um cruzamento entre um grupo de discussão on-line (como um clube do livro ou algo assim) e uma aula de improv.
TARA: Toda semana assistíamos ao mesmo filme, eu preparava uma palestra sobre os temas e as pessoas criadoras que o produziram e depois abríamos a aula para uma discussão geral.
CHRIS: Exatamente, e depois eu passava a última hora ensinando exercícios de improv feitos sob medida, criados para questionar ainda mais os temas e as técnicas usadas no filme.
TARA: Esse é um dos meus elementos favoritos. Não estamos tentando reproduzir o filme, mas usando a improv para chegar a uma compreensão ainda mais profunda das personagens e da história.
CHRIS: Ativando o feixe de teletransporte.
TARA: Temos um teletransp...!
TARA e CHRIS se desfazem em um bilhão de pontos de luz quando se teletransportam a bordo de um cruzador estelar.
INT. CRUZADOR ESTELAR - MOMENTOS DEPOIS
TARA e CHRIS, a dupla está presa contra uma porta de proteção, com o fogo do laser fazendo faíscas nos instrumentos ao seu redor.
CHRIS: Você abre a porta. Eu vou dar cobertura.
CHRIS começa a disparar uma pistola a laser de volta para o corredor.
TARA: Onde estávamos?
CHRIS: Estávamos falando sobre o formato. Como a improv que fazemos é essencialmente outra ferramenta para entender melhor o filme.
TARA: Certo, mas perdemos a melhor parte.
CHRIS: O fato de eu sempre fazer um chocolate quente durante o intervalo?
A pistola é disparada de sua mão. Com um grito, ele arranca um painel da parede e o usa como um escudo improvisado, cobrindo a si e a TARA.
TARA: Não, as pessoas. Assim que anunciamos a aula, recebemos um grupo incrível de gente improvisadora nerd, pessoas engraçadas e brilhantes. Apesar de todo o nosso planejamento, a discussão é sempre a melhor parte da aula, porque todo mundo é muito interessante e pensa profundamente.
CHRIS: Sim, realmente tivemos sorte com as pessoas, embora eu achasse que o conceito do “Improv Cinema Club” sempre atrairia estudantes adoráveis.
TARA: Deixa comigo.
A porta voam longe, revelando uma paisagem verdejante.
EXT. CAMPO - DIA
TARA e CHRIS estão montados em cavalos e vestem roupas do período Georgiano. Uma grande casa senhorial pode ser vista longe dali.
CHRIS: E, claro, cada temporada do “Improv Film Club” tem um tema diferente. Como Grandes Direções ou o Movimento Indie Americano.
TARA: Não se esqueça do “Improv World Cinema Club”, onde reunimos algumas de nossas incríveis amizades improvisadoras de todo o mundo para apresentar um filme de sua cultura.
CHRIS: Como eu poderia esquecer. Mas como vamos superar o que já fizemos?
TARA: (decidida) Tive uma ideia. Sete filmes que tratam, de alguma forma, da arte da atuação ou da arte performática.
CHRIS: Então estaríamos fazendo uma edição sobre atuação?
TARA: Exatamente. Na última semana, poderíamos assistir “Don't Think Twice”, que é um filme sobre improv.
CHRIS: Em seguida, você me dirá que teremos a verdadeira treinadora do filme, Liz Allen, para nos conduzir pelos exercícios que ela usou com o elenco durante as filmagens.
TARA: Coisas mais estranhas já aconteceram, Chris.
De repente, a casa senhorial para a qual estavam indo a passos largos explode em uma bola de fogo gigante, jogando a dupla no chão.
TARA se levanta, tirando os resíduos de seu vestido.
TARA (cont.): (com tristeza) Acho que mereci isso.
CHRIS: Não se preocupe, isso não vai nos impedir, vou preparar a aula e vender ingressos em https://www.tickettailor.com/events/chrismeadimprov/982564 – começando na quarta-feira, 1º de novembro, às 19h, horário do Reino Unido.
TARA: Então só resta uma coisa a fazer.
CHRIS:(concordando a cabeça) Vamos acabar com os robôs de uma vez por todas.
Com um último olhar partilhado, TARA e CHRIS olham para o céu. Seus pés deixam o chão. Em seguida, voam para as nuvens, como naquela parte do final do filme Matrix.
FIM.
por Pamela Iturra (impro.lectora@gmail.com)
Tanto na comunicação social quanto na acadêmica, quando escrevemos temos um compromisso de transparência com quem nos lê, por isso quero começar esta resenha dizendo que tenho a sorte de conhecer pessoalmente Pablo Boraquevich, autor de "Luz, Impro, ¡Acción!", e que o respeito profundamente. Pude ver de perto seu trabalho no palco e na sala de aula e testemunhei a coerência impecável entre as ideias que ele escreve e sua fantástica apresentação teatral, além da generosidade com que compartilha seu vasto conhecimento sobre cinema e teatro. Enquanto leio seu livro, cenas, personagens, falas e momentos das aulas vêm à minha mente, com mil motivos para apreciar e admirar o autor deste livro. Certa vez, ouvi Pablo dizer "Meu amor é a história" e não entendi muito bem, mas comecei a prestar atenção em sua maneira de contar histórias. Descobri que a força de suas personagens, a irreverência de seu humor, a intensidade de seu discurso e a conexão que ele cria com o público são sustentadas por sua paixão pela narrativa. Alguns anos depois, tenho seu livro em minhas mãos e sinto que li uma verdadeira história de amor. Se amar é dar toda a sua atenção ao objeto de sua afeição, promover seu desenvolvimento, dar o melhor de si, colocar-se a serviço dele e comemorar sua realização (mesmo às suas próprias custas), então Pablo Boraquevich ama a história. Em seu ágil manual de narrativa improvisada, o autor fornece ferramentas para entender o processo de construção de histórias e nos incentiva fervorosamente a colocá-las em prática. Considerando que uma pessoa improvisadora é, ao mesmo tempo, atriz, diretora e dramaturga, é inestimável ter um manual tão completo que se concentra exclusivamente nessa última função, coletando e sistematizando com clareza diferentes ferramentas de roteiro e dramaturgia e aplicando-as, por meio de anos de experiência, em impro. Cada capítulo começa com uma breve anedota pessoal e, em seguida, oferece conceitos, vários exemplos e exercícios (individuais e em grupo). Se você gosta de filmes, vai adorar a comparação das estruturas dramáticas de "Titanic" e "Guerra Mundial Z"; a análise da plataforma de "O Senhor dos Anéis"; descobrir as particularidades de "Esqueceram de Mim"; refletir sobre a importância do epílogo de "Náufrago"; ou aplicar qualquer um dos conceitos em suas histórias favoritas. Para entrar na teoria da narrativa, o autor diz que toda história se baseia em uma premissa e é construída em uma estrutura. A premissa é a ideia de base, uma afirmação que é considerada verdadeira, o ponto de vista, a posição artística. Ele explica como encontrar uma premissa clara que permita que nossa história se desenvolva, avance e se aprofunde. Em seguida, ele apresenta o conceito Aristotélico de três atos aplicado à impro e explica como podemos encontrar um motor para que nossa história se torne digna de ser contada. Nessa primeira parte do livro, Boraquevich também analisa os motivos pelos quais algumas histórias fracassam e nos orienta sobre como evitá-los. Em seguida, ele apresenta um capítulo inteiro dedicado a cada ato: plataforma, enredo e epílogo; ele indica as funções de cada ato e sua relevância, as perguntas que podemos usar para orientar nossa narrativa e algumas recomendações importantes para nosso trabalho narrativo. No primeiro ato, o fundamental é apresentar as personagens e sua normalidade. Boraquevich fala sobre plataformas simples e complexas e explica como as informações que fornecemos nesse primeiro momento são vitais para encontrar um motor para a história. O segundo ato é onde vemos a transformação da protagonista, o autor nos mostra como encontrar os pontos de virada e o ponto médio da história para que a viagem seja interessante e atraente para o público. O terceiro ato ou epílogo tem a função de encerrar a história, mostrando a nova realidade da protagonista. Aqui, Pablo destaca a importância desse ato, muitas vezes esquecido na impro. Por fim, o autor explica um exercício interessante de análise da estrutura para incorporá-la como um recurso que nos permite contar histórias de forma "orgânica e agradável", dedicando tempo para entregar, em cada etapa, uma história digna de ser contada. Depois de analisar os três atos de uma história, Pablo Boraquevich nos convida a conhecer oito tipos de enredos selecionados por ele, não sem avisar que há muitas outras categorizações que podemos estudar. O importante é prestar atenção aos enredos e reconhecê-los, como um exercício anterior às nossas cenas improvisadas, para que eles possam surgir espontaneamente quando estivermos no palco. Em seguida, ele se concentra em três elementos fundamentais da narração de histórias: tempo, personagens e espaço. Ele analisa cada um desses elementos e explica como criá-los, incentivando-nos a experimentar e investigar para usá-los de modo a refletir nossa visão e dar peso artístico ao trabalho. Para finalizar, o autor oferece um guia passo a passo para escrever nossa própria história e uma ampla oferta de exercícios complementares para cada tópico trabalhado no livro. "Luz, Impro, ¡Acción!" é um livro de consulta que deve ser lido e relido. Foi escrito de maneira simples e agradável, o que revela o brilhantismo do autor, pois os conceitos são numerosos, altamente complexos e exigem tempo e prática para sua compreensão profunda. Mesmo assim, a leitura desse livro se torna uma experiência divertida e fascinante porque ele foi escrito com entusiasmo e paixão pela impro, pela narrativa e pelas histórias... em outras palavras, é uma genuína história de amor por histórias.
Leia-o se
Você está procurando ferramentas para dizer algo importante por meio de sua impro. Você gosta de analisar as histórias que vê e conta. Você gosta de contar histórias mais interessantes e profundas. Seu principal valor
Ser capaz de transmitir, em poucas páginas, conceitos complexos aprendidos em anos de estudo e trabalho com cinema e teatro. Nas palavras de Gabriela Mistral, "Simplificar, saber é simplificar sem perder a essência" Minha parte favorita
O capítulo com os diferentes tipos de enredos é fascinante. Ele faz você pensar de forma diferente sobre todas as histórias que já viu e ouviu no teatro, no cinema, na literatura e na própria vida. Minhas citações favoritas "Tanto em termos narrativos quanto éticos, devemos nos manifestar com clareza. Impro é teatro, teatro é arte, e a arte é sempre política" "Sem um objetivo, não há peso cênico, e aquelas pessoas que estão jogando podem voar para longe se alguém abrir uma janela" "Como contamos o que contamos? Esse é o verdadeiro papel. O que temos disposição a fazer ou não? Por quais caminhos nossa arte caminha? Uma pessoa que escreve deve ter, acima de tudo, uma visão geral, permeável e crítica de tudo o que está contando"
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