Com a autorização da revista internacional de improviso Status, Luana Proença e Davi Salazar traduzem e gravam em português o conteúdo mensal da revista.
SIM, existe uma revista mensal sobre Impro que questiona e valoriza o que fazemos, E seu conteúdo é disponibilizado em português AQUI por escrito, e em áudio em nosso PODCAST no Spotify: Revista Status - PT.
A revista STATUS é publicada mensalmente e virtualmente em espanhol, inglês, italiano e francês. Informações e assinaturas: https://www.statusrevista.com/.
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A QUARTA FUNÇÃO
por Feña Ortalli
Uma das coisas que dizemos quando falamos sobre a complexidade da improvisação é que temos de cumprir três funções simultaneamente: atuamos, escrevemos e dirigimos ao mesmo tempo. Mas há uma quarta função à qual também precisamos prestar atenção: somos público. Mas não um público passivo, como quem está na plateia. Não. Precisamos ser um público ativo. Que esteja pronto. Porque, ao contrário dos membros da plateia, podemos (e devemos) fazer algo com as informações que recebemos ao assistir a uma cena. Você já ouviu falar do conceito de Pacto de Dupla Interlocução? Esse pacto se refere ao acordo implícito entre quem atua e quem assiste para aceitar que as personagens são fictícias e que quem está atuando está representando um papel. Essa noção é fundamental no teatro para estabelecer a suspensão da descrença. Por meio deste pacto, as personagens fornecem informações às outras personagens e, ao mesmo tempo, ao público. Mas quando falamos de teatro improvisado, precisamos acrescentar outra camada. Porque, no nosso caso, é a pessoa improvisadora que está, ao mesmo tempo, fornecendo informações às outras improvisadoras, às personagens e ao público. Por isso, ela se transforma em um Pacto de Tripla Interlocução. Esse detalhe faz toda a diferença. Enquanto o elenco de uma peça com roteiro já têm todas as informações que faltam às suas personagens, quem improvisa recebe essas informações ao mesmo tempo que suas personagens (e o público). Essa vivacidade é o que nos obriga a estar presentes, de forma ativa e pronta para receber, decodificar, processar e codificar de volta essas informações e transformá-las em uma oferta, para que possamos continuar criando essa peça de teatro única. Portanto, você não é apenas uma pessoa que é artista, diretora e escritora... você também é espectadora.
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BERTOLD BRECHT
por Feña Ortalli
Bertolt Brecht, (10 de fevereiro de 1898 - 14 de agosto de 1956), foi um renomado dramaturgo, poeta e diretor cujas contribuições inovadoras ao teatro deixaram uma marca indelével no mundo da dramaturgia. A vida e a obra de Brecht são caracterizadas por sua abordagem revolucionária ao teatro, suas críticas incisivas às normas sociais e seu compromisso com o uso da arte como ferramenta de mudança social. Tendo crescido em uma família de classe média, Brecht demonstrou desde cedo interesse pela literatura e pelo teatro. Ele estudou medicina e filosofia na Universidade de Munique, mas logo se envolveu mais nos círculos artísticos e intelectuais da época. Influenciado pelo marxismo e pela turbulência sociopolítica da Alemanha pós-Primeira Guerra Mundial, Brecht começou a desenvolver seu estilo distinto de teatro, que mais tarde seria conhecido como “Teatro Épico”. Em 1922, o primeiro sucesso teatral significativo de Brecht veio com a produção de sua peça “Baal”, que explorava temas de rebelião, alienação e ansiedade existencial. Essa peça prenunciava muitos dos temas que dominariam o trabalho posterior de Brecht. Ao longo da década de 1920, Brecht continuou a fazer experiências com diferentes formas e técnicas, incluindo o desenvolvimento do “Verfremdungseffekt” ou “Efeito de Alienação” [o “Distanciamento Brechtiano”], que tinha como objetivo evitar que o público se identificasse passivamente com as personagens e, em vez disso, incentivar o envolvimento crítico com a mensagem da peça. A obra mais famosa de Brecht, “A Ópera dos Três Vinténs” (1928), criada em colaboração com o compositor Kurt Weill, catapultou-o para a fama internacional. Uma sátira mordaz da sociedade capitalista, a peça desafiava as noções convencionais de moralidade e justiça e apresentava personagens icônicas, como Mack Navalha. À medida que o clima político na Alemanha se tornava cada vez mais hostil com a ascensão do Partido Nazista, as críticas sinceras de Brecht ao fascismo e suas tendências marxistas o forçaram ao exílio. Ele viveu em vários países, incluindo Dinamarca, Suécia e Estados Unidos, onde continuou a escrever e encenar peças que confrontavam a injustiça social e a exploração. Durante seu exílio nos EUA, Brecht escreveu algumas de suas obras mais significativas, incluindo “Mãe Coragem e Seus Filhos” (1939) e “O Círculo de Giz Caucasiano” (1944). Após a Segunda Guerra Mundial, Brecht retornou a Berlim Oriental, onde fundou o Berliner Ensemble, uma companhia de teatro dedicada a produzir suas obras. Ele também colaborou com o compositor Hanns Eisler em vários projetos, incluindo as “Elegias de Hollywood”. Apesar de suas contribuições para a vida cultural da Alemanha Oriental, o relacionamento de Brecht com as autoridades era muitas vezes difícil, pois ele se recusava a se conformar com as exigências do realismo socialista e continuava a desafiar o status quo. As teorias de Brecht sobre teatro, incorporadas em obras como o “teatro épico brechtiano” e o “efeito de alienação” [ou distanciamento], influenciaram profundamente gerações da dramaturgia, direção e de artistas. O compromisso de Brecht com o uso da arte como ferramenta para mudanças sociais e políticas continua a inspirar artistas em todo o mundo, garantindo que sua voz permaneça tão relevante hoje quanto era durante sua vida.
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JIM FISHWICK
por Feña Ortalli
"Eu improviso porque é uma maneira de ser livre"
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MEU PONTO CEGO NO ENSINO: EDIÇÃO
por Laura Doorneweerd-Perry
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BABA'S TALES
por Raschid Daniel Sidgi Seção coordenada por Luana Proença (luanamproenca@gmail.com)
- nenhuma eficiência narrativa - qualquer que seja o desvio da história, nós o tomamos
- sem precisão etnológica - mistura de paisagens, lugares e origens
- toda a gente a improvisar está no palco o tempo todo - não há saída de pessoas improvisadoras
- alternância entre narração e cenas
- alterar e misturar os níveis narrativos/meta-níveis o tempo todo
- Todas as emoções devem estar presentes em uma história para que ela seja completa
- As emoções são, na maioria das vezes, muito cruas, sem amarras e nunca escondidas
- A música ou a musicalidade simplesmente começa >> tente não encontrar uma explicação para isso
- Não tente usar da lógica >> não há problema algum em deixar pontas soltas
- Intensidade em primeiro lugar >> se assuste, mas segure os motivos em sua mão
- Criaturas híbridas entre seres humanos e animais (Lionmen / Lizardwoman / Hyenamen etc.)
- Repetição >> repetidamente o mesmo diálogo com pessoas diferentes
- Pessoas discutindo muito
- Há muita crueldade nas histórias
- Sair de uma vida para outra, de um lugar para outro
- Toda a natureza é uma pessoa >> Sr. Sol, Sra. Lua, Sra. Figueira, Sr. Formiga, Sra. Chuva etc.
- Domesticar o selvagem >> o que era selvagem será socialmente aceito e vice-versa
- Duplos >> sempre dois aspectos de uma pessoa
- Morte >> é fácil e rápido >> almas animais
- Muitas histórias dentro das histórias >> Figuras aparentemente sem importância geralmente têm histórias importantes
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IMPRO I: LOS PRINCIPIOS DE LA IMPROVISACIÓN
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