Com a autorização da revista internacional de improviso Status, Luana Proença e Davi Salazar traduzem e gravam em português o conteúdo mensal da revista.
SIM, existe uma revista mensal sobre Impro que questiona e valoriza o que fazemos, E seu conteúdo é disponibilizado em português AQUI por escrito, e em áudio em nosso PODCAST no Spotify: Revista Status - PT.
A revista STATUS é publicada mensalmente e virtualmente em espanhol, inglês, italiano e francês. Informações e assinaturas: https://www.statusrevista.com/.
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AINDA É PRECISO OUVIR OUTRAS VOZES
por Luana Proença
Em 2018, aproveitei um programa de pesquisa cultural promovido pelo Departamento de Cultura da minha cidade, Brasília, Brasil. Esse programa me permitiu participar de cursos e festivais em diferentes países. Escrevi esse projeto de pesquisa porque realmente precisava me conectar e ouvir outras vozes além daquelas da minha cidade e dos livros que eu lia.
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HELENE WEIGEL
por Feña Ortalli
Helene Weigel (1900-1971) foi uma das atrizes mais proeminentes do teatro alemão do século XX e diretora da Berliner Ensemble. Helli, como era chamada por sua família e amigos, nasceu em 1900 em Viena. Aos 22 anos, mudou-se para Berlim, onde trabalhou com nomes da dramaturgia contemporânea tão proeminentes quanto Marieluise Fleisser, Ernst Toller e Bertolt Brecht. Weigel também se apresentou no Berlin Staatstheater, no Deutsches Theater sob a direção de Max Reinhardt, no Junge Bühne em Berlim e no Staatliches Schauspielhaus. Em 1929, ela se casou com Bertolt Brecht, marcando o início de uma colaboração artística que seria fundamental para o desenvolvimento do teatro europeu. Anos depois, ela foi forçada a deixar a Alemanha com o marido e os filhos devido à ascensão do nazismo. Ao retornar, ela retrataria a personagem que lhe renderia fama internacional: Mãe Coragem. Bertolt Brecht escreveu a peça no exílio e, ao testemunhar a ascensão de Hitler, procurou alertar sobre os perigos do nazismo e fazer uma declaração contra o militarismo. Anna Fierling, a Mãe Coragem, é a proprietária de uma carroça de vendedores ambulantes que segue as tropas durante a Guerra dos Trinta Anos, ganhando a vida com a guerra e o sofrimento humano. O preço que ela paga é a morte de seus três filhos, que são mortos pelo exército inimigo. Mãe Coragem deixa o corpo de sua filha Kattrin com algumas pessoa camponesas para enterrar e se agarra à sua carroça para seguir as tropas e continuar seu negócio. Influenciada em parte pelo teatro chinês, Weigel empregou uma economia de movimentos porque acreditava que o excesso de detalhes levaria a um naturalismo extremo que poderia arruinar a personagem. Helene retratou essa mãe lamentando a morte da filha com um "grito silencioso". Ao usar essas técnicas, Weigel combinou realismo e estilização na fala e nos gestos, produzindo um estilo incomum para a época. Esse estilo se alinhava bem com a ênfase de Brecht no que ele chamava de efeito de distanciamento (Verfremdungseffekt). Weigel também criou algumas das personagens mais famosas do teatro épico de Brecht, como Pelagea Vlassova em “A Mãe” (1932), Antígona na peça de mesmo nome (1948) e Natella em “O Círculo de Giz Caucasiano” (1954). Em 1949, Weigel e Brecht fundaram a Berliner Ensemble, uma companhia de teatro dedicada à visão de Brecht do teatro épico, que se tornou a companhia de teatro icônica da Alemanha Oriental. Weigel estava envolvida na administração, atuação e criação de figurinos. Após a morte de Brecht em 1956, Weigel continuou o trabalho da Berliner Ensemble, dirigindo e atuando na companhia até pouco antes de sua morte em 1971. FONTES: https://www.rutasteatrales.es/ https://www.britannica.com/biography/Helene-Weigel https://es.wikipedia.org/wiki/Helene_Weigel
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JACINTHA DAMSTRÕM
por Feña Ortalli
"A autoconsciência corporal é um elemento importante para quem improvisa" Jacintha Damström é atriz e musicista clássica, mas também é ginasta e artista de circo. Apesar de se destacar em todas essas coisas no palco, ela é uma forte defensora do trabalho árduo em detrimento do puro talento. Por que você improvisa? Sentir a adrenalina de viver o momento. Isso inclui a sensação de conexão com a pessoa com quem você está no palco enquanto ouve as reações do público. As pessoas também são um grande motivo pelo qual eu faço improv! Eu simplesmente adoro as pessoas improvisadoras! O que desencadeia esse sentimento de conexão com sua parceria de cena? Momentos em que você e sua parceria de cena se surpreendem e aproveitam a "queda" em conjunto no desconhecido. Como você descobriu a improvisação? Por uma mensagem enviada por spam para o e-mail da minha universidade. Naquela época, eu estava estudando flauta clássica e, como era um ambiente tão rígido, eu estava com muita vontade de ser brincalhona e espontânea! Fui para a aula pensando: "Vou lá uma vez para ver o que é". Bem, como você pode imaginar, fiquei presa lá. Além disso, o pessoal me obrigou a assinar um contrato de um ano naquele mesmo dia, os bastardos (risos). A maioria das pessoas que improvisa compartilha essa mesma história e nos conta como foi fisgada pela experiência. Por que você acha que isso acontece? Ou por que você acha que isso aconteceu com você? Nos primeiros seis meses, quando eu estava indo para as "aulas" (não tínhamos uma pessoa docente, apenas ensaios abertos), eu ia principalmente pensando: "Isso é bom para mim. Preciso de um pouco de exercício para ser espontânea". Eu até gostava, mas não me sentia fisgada. Mas as coisas mudaram quando fui ao meu primeiro festival internacional de improv. Participei do Finland International Improv Festival em 2013 e fiquei maravilhada! Os espetáculos não eram apenas tão bons, mas também tão diferentes! A improv como forma de arte se abriu para mim de repente, de uma maneira que eu nunca pensei que aconteceria, e fiquei 100% viciada. Também fiquei muito surpresa e emocionada com a forma extremamente calorosa e simpática com que todo mundo me tratou! Quero dizer, eu era apenas uma zé-ninguém que tinha acabado de começar com improv e, mesmo assim, lá estava eu, conversando com gente improvisadora jovem e velha, sendo incluída na grande família da improv! Agora eu não estava apenas viciada nessa bela arte, mas também em sua comunidade! Vinda do mundo da música, você tinha experiência em improvisar com o instrumento? Não, nunca. Aprendi a improvisar na música três anos depois de ter começado com a improv. Se eu não tivesse começado com a improv no teatro, com certeza nunca teria encontrado a improv na música. Minha vida como musicista de flauta clássica era muito planejada e organizada. Eu era como uma robô. Eu tinha que aprender uma partitura e, dentro do prazo, praticá-la para que ficasse perfeita. Nenhum erro era permitido! Mas, em minha vida circense, eu tinha que improvisar de vez em quando. Por exemplo, quando alguém se machucava durante um espetáculo, muitas vezes me pediam para entrar e distrair o público enquanto a pessoa amiga/colega era arrastada para fora. Ou quando eu estragava um truque e tinha que "fazer funcionar de alguma forma". Podia ser qualquer coisa, desde nadar no chão (porque eu tinha caído de nariz) até fazer uma pose de "tadaa! esse era o truque!", mesmo que o truque fosse um fracasso total. Isso muitas vezes provocava risos da plateia, uma reação que eu aceitava com gratidão como um sinal de "agora tenho a plateia comigo novamente". Também tivemos que improvisar muito com meu grupo de circo devido às mudanças de palcos e luzes. Alguns palcos eram enormes e outros, superpequenos. Às vezes, nosso público estava muito próximo e, às vezes, muito distante. Em outras palavras, cada espetáculo era sempre diferente. Dentro do grupo, também tínhamos que mudar de função com frequência. Às vezes eu tinha que arrumar o cabelo de todo mundo e às vezes acabava ajudando a costurar roupas no último minuto. Também criamos muitos espetáculos autorais, o que incluía muitos "sim e...!". O circo foi uma parte muito importante para mim dos 5 aos 19 anos de idade, mas devido a lesões, finalmente parei e comecei a me concentrar na música clássica. No entanto, sempre houve uma tristeza em mim. Eu sentia muita falta da minha família circense, mas sabia que precisava dar um tempo para encontrar um novo caminho. Então, quando estive no FiiF, me senti em casa. Aquelas pessoas improvisadoras me lembraram muito da minha família circense e me deram uma nova centelha de vida. Circo, música, teatro... Lembro-me de que estávamos brincando sobre o fato de você ter todos esses talentos e você disse que não gostava quando as pessoas diziam "Você é tão talentosa", esquecendo-se de que isso também tem a ver com trabalho duro. Sim, odeio a palavra "talento". Quando eu tinha 10 anos de idade, treinava 30 horas por semana com ginástica e circo, tinha aulas de música de 5 horas, ia à escola e trabalhava em minha primeira companhia de circo profissional. Eu mal dormia. Acho que esse também é um dos motivos pelos quais adoro improv e adoro circo: eles me deram permissão para ser brincalhona, já que eu mal tinha tempo para brincar quando era criança. Podemos discutir o que é talento em algum momento. Tenho amizades que conseguem cantar como um anjo sem praticar nada. Isso é talento pra caramba! Se você tivesse que escolher um elemento, conceito ou habilidade do circo, da música clássica e da ginástica que se encaixasse perfeitamente com a impro, quais seriam? O circo que eu gosto de fazer e assistir é um circo que envolve elementos da vida cotidiana normal. Um dos meus espetáculos circenses favoritos foi "Timber", do Cirque Alfonse. A trupe mostra a vida cotidiana de um madeireiro por meio de muitos elementos circenses: malabarismo com batatas enquanto as corta no ar, por exemplo. Nenhuma palavra é dita e, ainda assim, fica muito claro o que estão contando. Acho que quem improvisa poderia falar muito menos e explorar mais o que o corpo pode dizer: ter uma presença física mais forte. Como a raiva e a frustração podem ser expressas de forma silenciosa e ainda assim não "estou fazendo mímica!"? Isso geralmente é entendido como "Preciso dançar mais!", o que também não é minha intenção. Só quero que as pessoas gravem a si mesmas e vejam o que esse pedaço de carne sob a cabeça realmente faz ao expressar emoções. A autoconsciência corporal é um elemento importante para quem improvisa. Nós nos comunicamos muito por meio dela, e quanto mais você puder usar essa comunicação em seu benefício, melhor improvisadora você será! Minha obsessão por espetáculos mudos se deve principalmente ao fato de eu nunca ter tido uma língua materna. Crescer com quatro idiomas ao mesmo tempo (eu falava alemão e inglês em casa, estudava em uma escola de língua sueca e tive que aprender finlandês, já que a maioria das pessoas aqui na Finlândia fala esse idioma) fez com que eu entendesse meu ambiente mais tarde do que a maioria das outras crianças. Sempre tive que ler o que estava ao meu redor olhando para os corpos para entender o que estava acontecendo (o que na cultura finlandesa não era muito fácil graças à cultura da reserva e dos rostos de pedra). Quando criança, sempre me senti atraída por espetáculos físicos e expressivos e, por isso, ainda hoje, procuro fazer espetáculos que possam ser assistidos por toda a gente, independentemente do idioma! Como seria o espetáculo dos seus sonhos? O espetáculo de improv dos meus sonhos incluiria muita fisicalidade e quase nenhuma palavra. Haveria uma ótima música, tocada por uma pessoa musicista versátil (por exemplo, alguém que saiba cantar, tocar piano e fazer uma percussão legal). Quanto mais sons diferentes a musicista puder criar, melhor! Acrobacias em dupla (especialmente em cenas com muitas pessoas!) e talvez também um pouco de malabarismo também seriam incluídos. Eu também adoraria ter uma pessoa na técnica de luz muito brincalhona que desafiasse e apoiasse quem improvisa no palco. Que projetos você tem para a próxima temporada? Meu próximo projeto é apresentar um espetáculo solo de palhaça de circo para crianças; ensinar, planejar e criar novos projetos e espetáculos para a primavera. Também estou no processo de criar um novo espetáculo de improvisação-opereta junto com a Stjärnfall, que será apresentado no início de dezembro. Quem você acha que deveríamos entrevistar? Rik Brown!
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SPOILER ALERT!
por Stavros Atmatzidis seção coordenada por Luana Proença (luanamproenca@gmail.com)
Algumas das práticas pedagógicas comuns na América Latina que sempre me inspiraram em Teatro são as chamadas Desmontagens Cênicas ou os estudos da Genética Teatral. Uma abertura dos processos de criações onde eles são “desfeitos” parte a parte para que possamos ver como se deu a junção daquela obra. Assim, todos os meses eu vou dar espaço para grupos e artistas abrirem suas criações para uma partilha inspiradora. Se você quiser partilhar sobre o seu processo, entre em contato comigo, Luana Proença. Normalmente, eu escrevo uma pequena introdução ao artigo e/ou ao autor, mas Stavros Atmatzidis, da SANS Improv Troupe (Grécia), já fez isso de uma maneira muito boa. Então, sem spoilers, vamos deixá-lo começar: SPOILER ALERT! Os filmes imitam a vida. Ou será que é o contrário? É assim que promovemos nosso espetáculo - SPOILER ALERT! - com meu grupo, SANS Improv Troupe. E acontece que isso é muito apropriado, não apenas pelo conteúdo do formato, mas também pela concepção dele! Então, vamos voltar alguns anos - sim, anos. Três, para ser exato. Lá estou eu, no meio da noite, dormindo profundamente. No entanto, meu cérebro tinha outros planos e eu acordei às 3h da manhã com a ideia mais incrível para um novo formato de improvisação para o grupo! Era interessante, divertida, se encaixava perfeitamente em nosso tamanho e funcionava muito bem com nosso estilo de jogo habitual! Todo empolgado e bastante cansado, pego meu telefone na mesinha de cabeceira, faço uma anotação para que eu possa me lembrar dela pela manhã e trabalhar nela, e volto a dormir alegremente. Na manhã seguinte, acordo grogue e sonolento e, é claro, não me lembro de nada de meus esforços noturnos. Ainda bem que fiz uma anotação, certo? Eis o que vi quando verifiquei meu telefone: Nova ideia de formato de improvisação! SPOILER ALERT! E é isso... Nada mais, e apenas o mais leve vislumbre de uma lembrança de que tinha a ver com filmes. Era como se eu não quisesse estragar o formato que eu havia pensado para mim mesmo! Como você pode imaginar, eu não estava muito feliz com meu eu meio adormecido e com a anotação dele. Mas não foi tudo quase idêntico ao que foi copiado de um filme? Isso tinha que ser um sinal, e, pelo menos, tínhamos um título! No ensaio seguinte, contei essa história para o restante do grupo, que não fazia ideia do que eu estava falando, mas como são as melhores pessoas colegas de equipe e amizades, ficaram empolgadas para descobrir o que estava passando pela minha cabeça às 3h da manhã de uma terça-feira à noite! Nós discutimos algumas ideias em conjunto e, finalmente, as coisas começam a se esclarecer em minha cabeça. Principalmente que teríamos que ver partes de um filme que as personagens viram para a câmera e estão descrevendo algo para o público. Isso se tornou o núcleo do formato. Na época, estávamos trabalhando em outras coisas também, então não pudemos continuar com essa ideia, mas nós sabíamos que queríamos explorá-la mais. Cerca de um ano e meio depois, queríamos um novo projeto. É claro que o SPOILER ALERT! foi mencionado, então arregaçamos as mangas e começamos a trabalhar. Rapidamente percebemos que a sugestão do público seria o título do filme inventado que as personagens haviam assistido e, como somos uma equipe de quatro pessoas, a primeira etapa lógica foi fazer com que duas personagens subissem ao palco e encontrassem uma oportunidade para falar sobre o filme. Depois que elas descrevessem uma cena do filme, elas seriam retiradas do palco e as outras duas interpretariam a cena, com a ajuda das duas primeiras, se necessário, antes de voltar às personagens para falar sobre outra cena. Depois de algumas tentativas, percebemos que ver exatamente a mesma cena não estava deixando muito espaço para brincadeiras. Então, que tal descrevermos alguns elementos básicos da cena e deixar que as pessoas jogadoras criem o restante à medida que avançam? E, talvez, ter algum tipo de alerta prévio, para o caso de o público querer assistir ao filme inteiro em algum momento? E lá estava o nosso bordão! As duas personagens falariam algumas coisas sobre a cena do filme, mas antes de entrarmos para ver o resto, elas se virariam e avisariam o público dizendo - “SPOILER ALERT!” (“ALERTA DE SPOILER!”). À medida que brincávamos com essa ideia, as personagens da cena original começaram a se tornar cada vez mais reais em cada nova tentativa. E, quanto mais desenvolvidas elas ficavam, mais queríamos vê-los. E foi aí que nos demos conta. O formato não é sobre o filme e as loucuras em que podemos nos envolver; é sobre essas duas pessoas que têm essa experiência compartilhada de um filme específico! É sobre elas que queremos ver mais, e como esse filme alterou o relacionamento delas. Ao mesmo tempo, apenas por dizer algumas palavras, elas próprias podem alterar o conteúdo do filme. Então, aqui está, um vai-e-vem de personagens criando um filme e um filme que tem um impacto no relacionamento delas. Os filmes imitam a vida, mas será que a vida também imita os filmes? Isso é algo que queríamos explorar com esse formato. Agora que tínhamos essa noção estabelecida, estávamos começando a jogar! Tínhamos a parte da "vida real" (ou "o sofá") do formato e a parte do "filme". Nosso lado malicioso veio à tona, fazendo com que as pessoas participantes das cenas do filme as repetissem, dando-lhes limitações, mudando estilos - tudo sob a ideia de uma "direção peculiar". E foi assim que os jogos de curta duração foram introduzidos nesse formato. Sempre que tínhamos vontade, acrescentávamos uma pequena reviravolta às cenas do filme como se elas fizessem parte de um jogo de curta duração. Mas isso não terminou aí. Depois que colocamos toda a diversão e bobagem que queríamos no formato, começamos a explorar uma conexão mais profunda entre o filme e a "vida real", mostrando caminhos espelhados entre eles. Os problemas que nossas personagens da "vida real" estavam enfrentando teriam um equivalente no filme. Algo que os unisse ainda mais. Será que elas aprenderam alguma coisa com o filme que assistiram que as ajudou a superar seus problemas ou estão condenadas a repetir os mesmos erros que as protagonistas do filme cometeram? Tudo se resume às cenas finais do formato, onde ocorrerá a resolução de toda essa jornada. A SANS Improv Troupe é um grupo meio caótico. Raramente planejamos com muita antecedência, pois na maioria das vezes surgem coisas que mudam nosso rumo. Por isso, aceitamos as decisões tomadas no calor do momento e tentamos nos inspirar nelas. Ao fazer isso, partindo de uma ideia aleatória, mal anotada, da meia-noite, tivemos um formato com uma coluna principal, desenvolvimento de personagens, explosões de ação e tolices e um objetivo concreto para o final. Tínhamos SPOILER ALERT! Estava na hora de levar nossa criação para o palco e, para isso, tivemos que adicionar um pouco de espetacular. Não poderíamos simplesmente subir no palco e começar a jogar, certo? O que seria uma entrada adequada para esse formato? Bem, era para assistirmos a um filme, então por que não começar a fazer exatamente isso? Alguns assentos de público no palco, depois as luzes se apagaram e o tema da Fox tocou, e estávamos na prontidão para assistir ao filme! Infelizmente, o projetor não exibia nada, então coube a nós salvar o dia apresentando um filme, ou pelo menos partes dele, para o nosso público. A iluminação é, às vezes, um assunto difícil para espetáculos de improvisação, pois não há pistas a seguir e, como não temos nossa própria pessoa técnica dedicada, não exigimos muito daquela que o teatro fornece. Felizmente, tivemos uma dica muito sólida! A frase "SPOILER ALERT!" que muda a cena de "sofá" para "filme". Então, apenas colocamos duas luzes diferentes, uma um pouco mais fria para a "vida real" e outra mais quente para o "filme", para tentar encapsular o calor de um rolo de filme real. E, se a técnica se sentisse à vontade para improvisar as luzes conosco, melhor ainda! Finalmente, tivemos nossa estreia em 2 de abril de 2023, quase 3 anos após o sonho original e literal dessa ideia, e cerca de um ano de trabalho nela. E foi uma explosão! A adrenalina do palco nos trouxe as ideias mais loucas e os momentos mais emocionantes, aprofundando um pouco mais cada aspecto do formato. Realmente havia algo nisso que captava a essência do grupo. Em um de nossos espetáculos de acompanhamento, tivemos até uma convidada muito especial vindo do exterior. Nossa grande amiga Liron Levin estava em Atenas, então tivemos que convidá-la para jogar conosco e, felizmente, conseguimos. Não apenas por causa de seu imenso talento, mas ela também levou nosso espetáculo um passo adiante ao propor que adicionássemos uma coisa: música! Como é que não pensamos nisso? Ela sempre tem uma enorme lista de reprodução de canções e músicas específicas para espetáculos, então usamos exatamente isso, conectando um telefone aos alto-falantes do teatro. E as cenas foram revestidas de música de forma maravilhosa. Agora podíamos usar ainda mais fisicalidade e silêncios quando queríamos, aumentar a tensão ou suavizar as coisas, preencher as lacunas e levar nossas personagens a uma determinada direção. Então, sim, obrigado, Liron, por se juntar a nós no momento certo. Que ótimo exemplo de uma perspectiva externa que acrescenta muito a um espetáculo. Durante nosso primeiro lote de espetáculos, continuamos a explorar os diferentes aspectos do formato, com coisas que funcionaram e outras que não. Tivemos nossos picos e nossos erros, mas havia mais uma coisa que precisávamos resolver: a duração. Até então, o formato parecia orgânico para durar cerca de 40 a 45 minutos, o que, para um espetáculo completo, significaria uma segunda parte. Queríamos poder ter um espetáculo de uma hora sem segundas partes, mas não queríamos confundir o formato com cenas extras. Tentando descobrir o que seria adequado, voltamos à ideia original de uma exibição de filme e o que constitui uma experiência de ir ao cinema. Uma das minhas partes favoritas de ir ao cinema são os trailers! O público poderia escrever um título de filme inventado em um pedaço de papel, e nós reproduziríamos alguns trechos dele em formato de trailer! Mas se quisermos acompanhar a experiência de ir ao cinema, o que dizer dos comerciais? Por mais odiados que sejam no cinema, em um espetáculo improvisado eles podem dar um toque pessoal, especialmente porque os itens anunciados seriam aqueles que o público trouxesse para nós! Nós tentaríamos vendê-los de volta para ele, mas com um uso completamente diferente do pretendido. Tudo isso se encaixou perfeitamente, dando-nos um bom impulso de energia logo no início de cada espetáculo, estimulando nossa energia lúdica e proporcionando ao público alguma diversidade no conteúdo. Assim, chegamos ao estado atual de SPOILER ALERT! De vez em quando, durante o ensaio ou em um espetáculo, ainda encontramos pequenas coisas interessantes para o formato. Realmente parece que isso tira o melhor proveito do nosso grupo. Provavelmente porque nasceu de nós em conjunto, experimentando coisas à medida que surgiam, mantendo nossas mentes abertas às possibilidades e acrescentando um pouco de caos construtivo, que é uma parte essencial de nossos ensaios. Talvez eu tenha tido o sonho original, mas foi essa equipe incrível que não só o transformou em realidade, mas também o fez voar em direção ao seu verdadeiro potencial. Portanto, não consigo encontrar uma maneira melhor de encerrar este texto a não ser dizendo: Obrigado, Anna Patrikiou, Obrigado, Nikolas Drandakis, Obrigado, Stelios Melas, Obrigado, SANS Improv Troupe.
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QUANDO A IMPROV LHE DEIXA TRISTE
Chris Mead - hello@chrismead.co
Você já teve essa sensação? Você está voando alto, finalmente sente que atingiu um grau de domínio em sua esfera escolhida e, então, uma série de pequenos incidentes conspiram para lhe trazer à terra com um solavanco? Sou eu (estou falando de mim). Só usei a segunda pessoa para tentar disfarçar. Queridas amizades, estou passando por um momento difícil, em termos de improv, no momento. Minha confiança foi abalada e estou em uma espiral de problemas. E o mais engraçado é que nenhum dos problemas, por si só, teria me perturbado: o cancelamento de um workshop aqui, um feedback não muito bom de uma aula ali, uma apresentação sem brilho em um espetáculo acolá. Mas quando tudo aconteceu ao mesmo tempo, fiquei atônito. Por isso, pensei em escrever uma breve lista de algumas das coisas que me ajudam quando estou me sentindo um pouco perdido, naquelas raras ocasiões em que a improv “já deu” e, no momento, “começa a escapar”. Caminhada Mike Birbiglia recomenda fazer uma caminhada na natureza quando você se sentir em depressão ou sem inspiração. De preferência, a sós. De preferência, sem fones de ouvido para se isolar do ambiente ao seu redor. Tente se reconectar com o mundo e receber informações de todos os seus sentidos. Faça uma interface com algo maior do que você. Esse é um bom conselho em muitas situações, mas é particularmente bom para o mal-estar artístico. O trabalho de uma pessoa artista é reconfigurar suas experiências em algo divertido, instigante ou útil, portanto, às vezes, tudo o que é necessário para dar o pontapé inicial nesse processo é colocar-se em risco de receber inspiração. Apreciar Quando as coisas estão um pouco ruins, é tentador ficar pensando nelas várias e várias vezes. Novidade, pessoal, o exame intenso raramente produz novas revelações. Aquele arranhão no céu da boca não vai sarar se você ficar cutucando-o com a língua. Em vez disso, tente se concentrar nas coisas que estão indo bem. Conte suas bênçãos. Pratique a apreciação das pequenas coisas. É tentador acreditar que a escuridão substitui a luz, mas nós sabemos que, na realidade, é o contrário. Dar Gosto muito desta. Se você teve um feedback ruim ou uma interação negativa, reserve um tempo para quebrar o ciclo e elogie outra pessoa. É muito bom deixar uma amizade ou colega saber o quanto você lhe admira. Seja a pessoa mais específica possível, pois isso é muito mais valioso do que um elogio geral sobre a grandiosidade do ambiente. Sem me aprofundar muito, agradeço à minha mãe por ter me ensinado isso. Ela teve um relacionamento difícil com a mãe e teria sido muito fácil deixar que essa paranoia e neurose se transferissem para o relacionamento dela com seus filhos. Mas ela fez um esforço consciente e intencional para pegar toda essa negatividade e fazer as escolhas opostas conosco. Ela permitiu que sua experiência fosse instrutiva em vez de destrutiva. Mudança O que me leva ao meu último ponto. Ouça o feedback. Sua melhor arma contra as críticas é agir e fazer algumas mudanças. Anote o conselho (esse também é um ótimo conselho sobre improv). Comprometa-se a trabalhar nas áreas de fraqueza que foram destacadas, reserve um tempo para realmente planejar as aulas com antecedência (em vez de usar o mesmo modelo de aula várias vezes), faça o que for necessário para entrar em um espaço de alegria e diversão para o próximo espetáculo. Se você conseguir melhorar um por cento a cada dia durante um ano inteiro, será trinta e sete vezes melhor do que era quando começou. Eu costumava olhar para as pessoas improvisadoras veteranas e me perguntar como elas se tornaram tão boas. A verdade é que, na minha opinião, elas foram as que continuaram quando as coisas ficaram difíceis. Quando outras pessoas voltaram sua atenção para outro lugar - devido à tristeza, às críticas ou ao fato de estarem atrapalhando seu próprio caminho -, as pessoas artistas que mais admiro conseguiram separar o sinal do ruído e discernir uma maneira de seguir em frente que lhes permitiu prosperar não “apesar”, mas “por causa” da negatividade percebida. Em última análise, quero ser esse tipo de artista. Ok, agora que terminei este texto, talvez eu o tenha escrito para mim. Mas espero que ajude você também.
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ACOMPAÑADO, UN MUSICAL IMPROVISADO
por Pablo de Luis
Trabalhar a sós é uma faca de dois gumes. Pegar um avião e viajar a sós para se apresentar no meio do nada é difícil. Estar no palco e algo dar errado sem poder consertar é difícil. Ficar doente antes de um espetáculo e não poder cancelar é difícil. Não ter uma rede de segurança nas pessoas que são suas colegas artistas é difícil. Julgar a si sem que ninguém ofereça outra perspectiva é difícil. Não compartilhar abraços e beijos nos bastidores é difícil. Não poder agradecer a colegas artistas no final de uma apresentação é difícil. Sentir vontade de chorar de nervosismo antes de se apresentar e não ter ninguém para te confortar é difícil. Mas também há coisas maravilhosas. Olhar-se no espelho antes de entrar no palco e sentir-se com sorte é maravilhoso. Poder viajar e conhecer novos lugares e colegas artistas é maravilhoso. Envolver-se em problemas no palco e conseguir sair deles é maravilhoso. Receber o carinho do público em lugares onde nunca ouviram falar de impro, muito menos de improvisação musical, é maravilhoso. Viajar com pessoas que você ama e admira (Matu e Ángel) é maravilhoso. Levar a bandeira da improvisação musical para onde quer que você vá é maravilhoso. Saber que você pode ir a qualquer lugar do mundo e ter o apoio do Panzer do teatro improvisado (IMPROMADRID em letras maiúsculas) é maravilhoso. Em resumo: "Solo. Un musical de amor improvisado" foi uma experiência em partes iguais. Mas tudo chega ao fim... e Solo não foi exceção. Passar um tempo a sós te dá tempo para fantasiar. Em quartos de hotel, camarins, restaurantes, trens e palcos, às vezes eu me via flutuando em uma ideia simples que crescia lentamente até se tornar realidade. A ideia era simples: Como seria o Solo se ele fosse acompanhado por 25 artistas que amo e admiro? A primeira resposta que me veio à mente foi: "Se alguém pode assumir tal tarefa, é o Impromadrid Teatro". Assim, depois que a ideia ficou marinada em minha cabeça, liguei para o "Dr. Dre" da improvisação (Ignacio López) e apresentei a ideia a ele. Uma semana mais tarde, "Brad Pitt" (Ignacio Soriano), "Dr. Dre" (Ignacio López) e "Margot Robbie" (Susana Rubio)" me disseram que o Acompañado (Acompanhado) era uma realidade e que tinham garantido o icônico Teatro Infanta Isabel para sediar o evento. Chorei lágrimas de alegria por uma noite inteira e comecei a trabalhar. Minhas mãos tremiam toda vez que eu chamava uma das pessoas que são minhas ídolas para convidá-la a se juntar a mim no palco. Eu suava muito quando elas diziam as palavras que faziam meus alicerces tremerem: "Pablo. Para você, qualquer coisa". Depois de cada ligação, eu ia até o espelho e sorria. Depois de repetir esse processo 25 vezes, minhas covinhas estavam tão altas quanto minhas pálpebras, e meus olhos estavam semicerrados de alegria. O resultado foi este: "Acompañado, un musical de amor improvisado", onde 25 artistas se juntaram ao nosso protagonista, Claudio, em uma nova aventura improvisada com novas canções, novas situações e muito mais amor. O sábado, 28 de setembro, foi inesquecível. Às 12h30, 25 pessoas improvisadoras, 4 técnicas e 300 pessoas se reuniram para celebrar a vida, o amor e a impro no Teatro Infanta Isabel. Para mim, o espetáculo passou voando. Eu estava hipnotizado, observando a mágica de colegas artistas no palco. Curti cada reviravolta, piada, nova narrativa e detalhe que propuseram como uma criança. O público ficou atônito. Nunca tinham visto nada igual. Foi incrível. Cada improvisação era melhor do que a anterior. O ritmo era vertiginoso. Aplausos, risadas ecoavam... e, no final do espetáculo, mais de uma pessoa estava chorando (inclusive eu). Esse foi o resultado de quatro meses de trabalho árduo, tentando alinhar tudo perfeitamente. Acredite em mim quando digo que é difícil colocar 25 pessoas improvisadoras em um espetáculo e fazer com que todos tenham o mesmo tempo no palco. Toda essa experiência me ensinou três coisas: 1. O teatro improvisado está em alta. 2. Sou incrivelmente afortunado por estar cercado de tanto talento e amor. 3. Tudo tem um fim. Obrigado a todo mundo que jogou comigo. Obrigado à Feña e à Revista Status por me darem espaço para compartilhar minha experiência. Eu amo muito vocês.
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